sábado, 24 de novembro de 2012

Estranho Amor






Estranho Amor 




Em uma fria noite de outono
Segurando uma pá ele caminha calmamente
Através deste vasto cemitério
Atrás de alguém que fora enterrado recentemente

Olhando atentamente tumulo por tumulo
Aparentemente nada  fará com que ele desista
Sempre com olhar mórbido e respiração controlada
A insanidade consumiu este jovem cientista

Sempre obcecado pela morte
A ressurreição era o objetivo seu
Ambição que ficou ainda maior
Quando em um acidente sua amada morreu

Prometendo trazê-la de volta a vida
Sua luta é para manter seu corpo bem conservado
Invade cemitérios atrás de novos órgãos
Para poder substituir os que estão danificados

Ele conversa com ela o tempo todo
Fica ao seu lado inúmeras horas por dia
Seu desejo por ela ainda é forte
O que sempre resulta em atos de necrofilia

O sexo realizado com o mais puro amor
Traz uma sensação de prazer doentia
Dois amantes injustiçados pelo destino
Uma atração que nem a morte interromperia

Todos seus experimentos falharam
Mas isso nunca o deixou desanimado
Ele trabalha arduamente todos os dias
Para poder ver seu desejo realizado

Os corpos que ele tira de seus sepulcros
São levados ao seu laboratório e dissecados
Ele retira os órgãos que irá precisar
E os restos que sobram são incinerados

Todos os vermes que aparecem são removidos
A parte danificada é prontamente substituída
Ele se esforça para deixá-la perfeita
Até o momento em que ela retorne a vida

Ele nunca desistirá de tê-la novamente
Um dia ele sabe que terá sorte
Um jovem muito inteligente e apaixonado
Cuja sua vida é dedicada a controlar a morte

(W. Fabretti)

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