Destino Selado
Em uma enluarada e fria noite de inverno
Caminhando em uma estrada sem saber onde ir
Me deparo com um caminho cheio de árvores mortas
E inconscientemente decido por nele seguir
Há alguns corvos pousados nas árvores
A vida parece ter abandonado este lugar
A estrada me leva em frente a uma casa velha
Onde sem hesitar decido nela entrar
O sangue está inundando todo o chão
Gotas avermelhadas caem do andar de cima
O ácido cheiro que toma conta do lugar
Me faz sentir intrigado com todo este clima
Minha curiosidade me faz subir a escada
De onde um rio de sangue não para de descer
A luz da lua que entra pela janela
Me revela algo que dificilmente irei esquecer
Inúmeros corpos humanos pendurados em ganchos
Todos com imensos cortes e desmembrados
Braços, pernas e alguns órgãos no chão
Parecem flutuar no sangue derramado
Caminho cuidadosamente entre os corpos
A curiosidade me obriga a ficar observando
Ao olhar atentamente me assusto ao perceber
Que muito deles ainda estão vivos e agonizando
Em desespero saio correndo o mais rápido que posso
Preciso urgentemente sair dessa casa
A ânsia de querer estar porta afora
Faz com que eu escorregue e desça rolando a escada
Me levanto todo banhado em sangue
Tento voltar a correr mas meu pé está torcido
Caminho com dificuldade em direção a porta
Quando vejo algo que eu não havia percebido
Assustadores símbolos desenhados na parede
Acima de duas ossadas aparentemente carbonizadas
Colocadas onde o sangue mais se acumula
Colocadas cuidadosamente de mãos dadas
O silêncio é quebrado por um forte barulho de tiro
Esqueço do meu pé, tento correr e novamente caio
Tento rapidamente me reerguer
Mas o cheiro está muito forte então desmaio
Abro meus olhos, estou deitado em meio ao sangue
Olho para fora e vejo que o dia já amanheceu
Estou um pouco tonto e minha cabeça dói demais
Tenho que sair para tentar entender o que aconteceu
Saio e vejo um homem sentado e uma espingarda no chão
Com certeza ele deve ser o assassino
O que sobrou do seu rosto expressa alivio
Matou todos, atirou em sua cabeça e selou seu destino
(W. Fabretti)
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